quarta-feira, 26 de maio de 2010

Metodologia ABC: Implantação numa Microempresa


1. Introdução


Como as empresas estão vivendo atualmente uma concorrência cerrada em termos de qualidade e custo de seus produtos, é necessário que as mesmas evoluam constantemente para permanecerem no mercado. Para que isso ocorra, é de fundamental importância conhecer bem os custos industriais, de modo a possibilitar um planejamento eficiente e uma correta tomada de decisões.

Em função das novas condições exigidas pelo mercado, caracterizadas por bons preços, melhores prazos de entrega, exigência de qualidade, maior diversificação de produtos e outros, verifica-se que as empresas, embora estejam trabalhando no sentido de melhorar a sua performance operacional, não apresentam uma modernização dos sistemas de custeio (BERLINER & BRINSON, 1988).

As pequenas e micro empresas não estão à margem dessa situação. Elas também devem enfrentar a concorrência e lutar para se tornar mais eficientes ao longo do tempo. Porém, diversos obstáculos se antepõem entre elas e a melhoria contínua. Dentre estes fatores pode-se mencionar a dificuldade para o acesso a financiamento, e conseqüentemente à tecnologia, consultoria e pesquisas; fragilidade perante o mercado, tanto a nível de fornecedores, quanto de clientes; e por fim, dificuldade para captar e reter o pessoal técnico para gerenciar as atividades. Isto revela um paradoxo: o setor da indústria que mais emprega pessoas no país, se apresenta como o mais
desprovido de ferramentas (financeiras, tecnológicas e de gestão) para enfrentar os desafios que o mercado lhes apresenta. Esta situação é constatada tanto em âmbito internacional (BARNES et al., 1998), quanto nacional (SEBRAE, 2000).

São inúmeros os trabalhos na literatura que nos apresentam relatos de implantações de sistemas de custeio baseados em atividades. A maior parte deles voltados para empresas de médio ou grande porte, com altos faturamentos e grande número de empregados. Lamentavelmente as pequenas e micro empresas parecem não ter acesso a estas novas metodologias apresentadas.

A proposta deste artigo é demonstrar que as pequenas e micro empresas podem se utilizar das técnicas do custeio baseado em atividades (ABC), com uma metodologia de implantação
simplificada, utilização de software de baixo custo (como elemento opcional) e comprometimento com a filosofia por parte dos responsáveis ou proprietários da empresa.

Justifica-se a proposta e aplicação deste trabalho nos seguintes motivos:

• A maioria das empresas industriais, nos tempos atuais, não usa modelos formais para o cálculo dos seus custos, causando uma inexatidão dos mesmos;

• Os modelos tradicionais se tornam pouco recomendáveis em empresas que usam a tecnologia moderna;

• O custeio baseado em atividades (ABC) é hoje reconhecidamente o sistema mais acurado
para cálculo dos custos.

1.1 Sistemas Tradicionais de Custeio

Para a conceituação de custos é necessário entender a definição de custos de acordo com a
literatura. Segundo DI DOMENICO (1994), o custo é um gasto que é reconhecido como tal só no momento da utilização dos fatores de produção (bens e serviços) para fabricação de
um produto ou execução de um serviço. Por exemplo, a matéria-prima é um gasto na sua
aquisição que imediatamente torna-se um investimento, e assim permanece durante o
tempo de sua estocagem, sem que apareça nenhum custo associado a ela. No momento da
sua utilização na fabricação de um bem, surge o custo da matéria-prima como parte integrante do bem elaborado. Este, por sua vez, é de novo um investimento, já que fica ativado até a sua venda.

Os custos podem ser classificados sob vários critérios, como segue:

• Com base na estrutura da empresa, também chamado de classificação funcional, identifica
e localiza os custos quanto a responsabilidade gerencial;

• Com base no volume de produção, também chamado de classificação proporcional, que está relacionado aos custos fixos, variáveis e semi-variáveis;

• Com base no tipo de despesa, o qual está relacionado diretamente ao custo de materiais,
de mão-de-obra e de despesas gerais, voltado para uma classificação fiscal;

• Com base na alocação ao produto, que está relacionado à identificação dos custos em relação à fabricação do produto, isto é, custos diretos e indiretos.
Geralmente os custos e despesas indiretos pertencem a alguma das seguintes categorias:

• Custos de fabricação: exceto gastos com matéria-prima, energia elétrica, alguns insumos
de produção e salário dos operários;
• Despesas administrativas;
• Despesas com vendas: exceto comissão de vendedores;
• Despesas financeiras.

Os sistemas de custos tradicionais, geralmente usados nas indústrias para cálculo e controle
de inventários, estão baseados na metodologia do sistema de custo total, também conhecido
como completo ou integral. Porém, os sistemas de custos tradicionais não determinam os custos de uma forma precisa, sendo as despesas indiretas de fabricação determinadas por sistemas de rateio inadequados, utilizando taxas predeterminadas. Assim, o usuário dessa informação não sabe o que ela representa e não é capaz de relacioná-la com as atividades e tarefas que são executadas causando uma visão distorcida dos custos. Sendo assim, todas as decisões a respeito de preços, mix de produtos e promoções podem estar mascarando a lucratividade da empresa a longo prazo. As empresas podem estar errando nas decisões de fazer ou comprar (make or buy), podendo também estar promovendo produtos com margens negativas e negligenciando produtos com margens positivas, além de estarem se afastando daqueles clientes que realmente são lucrativos para a empresa.

Por todos estes motivos já vistos anteriormente é que um sistema de custos deve fornecer aos
gerentes condições de planejamento, gestão e redução de custos no ambiente industrial. Isto
torna-se possível abordando a metodologia do custeio baseado em atividades (Activity Based
Costing – ABC), comentada a seguir.

1.2 Sistema de Custo Baseado em Atividades

No sistema ABC os custos e despesas indiretos são apropriados a várias unidades através de
algumas bases que não são relacionadas aos volumes dos fatores de produção. Comparado
com os métodos tradicionais, o ABC representa uma apropriação mais direta. O método
tradicional geralmente considera como custos e despesas diretos dos produtos fabricados apenas os materiais diretos e a mão-de-obra direta. Em contrapartida, o ABC reconhece como diretos custos e despesas antes tratados como indiretos, não em relação aos produtos fabricados, mas às muitas atividades necessárias para fabricar os produtos, segundo LEONE (1997). Os produtos surgem como conseqüência das atividades consideradas estritamente necessárias para fabricá-los e/ou comercializá-los (NAKAGAWA, 1995).

Na operacionalização do sistema procura-se, inicialmente, estabelecer a relação entre atividades e produtos, utilizando-se o conceito de direcionadores de custos (os de primeiro estágio). Apuram-se os custos das diversas atividades, sendo esses custos alocados aos produtos via direcionadores (os de segundo estágio). A Figura 1 apresenta a metodologia do sistema ABC.

Inicialmente deve-se definir o foco que o sistema terá, ou seja, qual será sua utilidade para a empresa. Dentre as utilizações que o sistema ABC pode ter, podemos mencionar o gerenciamento dos processos e das atividades monitorando continuamente o custo orçado e o custo realizado, determinar apenas o custo dos produtos para identificar as reais margens de lucro (positivas ou negativas), identificar áreas potenciais para implantação de programas de qualidade total, para a redução e ou eliminação de desperdícios. Esta etapa é de extrema importância, pois é a partir dela que se direcionam os próximos passos na implantação de um sistema de custeio baseado em atividades. De maneira mais concreta, os direcionadores de primeiro estágio alocam as despesas das áreas funcionais (departamentos administrativos, produção, engenharia, qualidade e outras) para as atividades que por aí transitam, com o objetivo de calcular o custo de cada atividade.

Os direcionadores de segundo estágio alocam os custos das atividades para os objetos de custos, que podem ser produtos, serviços ou clientes.

Como são várias as atividades de produção e suporte em uma empresa, o ABC utiliza um



















maior número de bases de alocação com a finalidade de identificar em termos monetários, as atividades consumidoras de recursos.

Utilizando direcionadores de custos específicos para cada atividade, o ABC permite calcular com boa precisão a quantidade de recursos que são consumidos por cada produto. Uma discussão sobre importância em determinar direcionadores de custos adequados pode ser encontrada em PAMPLONA (1994).

DI DOMENICO (1994) propõe uma metodologia de implantação do custeio ABC como
mostrado na Figura 2 e de acordo com os passos descritos a seguir:

1. identificação das atividades de produção e suporte da empresa, pela elaboração de um
fluxograma de atividades geral, indicando os principais recursos utilizados em cada etapa
de produção. Esta etapa é de extrema importância, pois a partir da fragmentação da
organização em atividades elementares, de fácil compreensão, tem-se uma visão melhor
de como os recursos são empregados.

2. detalhamento das afinidades com informações técnicas (dados de produtividade) relacionados à produção, em cada etapa de fabricação.
Deve-se determinar os recursos consumidos por cada atividade.

3. detalhamento das atividades para as áreas suporte (departamento de vendas e marketing,
departamento de engenharia de projeto e fabricação, departamento de manutenção,
departamento de planejamento e controle da produção, etc.) e levantamento dos recursos
utilizados com dados completos.

4. determinação dos direcionadores de custos de primeiro e segundo níveis e dos critérios para calculá-los. Nesta fase se define qual a causa que gera as atividades. Deve-se buscar direcionadores comuns para cada processo analisado, facilitando, assim, o cálculo do custo da atividade por objeto de custo.

5. determinação do custo das atividades ou fase I de alocação. Nesta fase, deve-se seguir uma abordagem de decomposição dos custos, isto é, um rastreamento dos custos do livro razão da contabilidade das empresas.

6. determinação do custo dos produtos ou fase II de alocação. Após terem sidos calculados
todos os custos das atividades, são agregados aos produtos os custos de todas atividades
que são realizadas na sua manufatura.

7. determinação dos índices de mensuração de desempenho das atividades. São definidos
dados operacionais e financeiros usados para ajustar a performance da companhia.






















2. Implantação do Sistema ABC para Uma Microempresa

Porttale é uma indústria do setor metal-mecânico que fabrica esquadrias em alumínio (portas, janelas, box e outros), trabalhando no momento com quatro funcionários.

A empresa está localizada no município de Marau-RS, atendendo principalmente o mercado
da região, onde a construção civil possui índices elevados de atividade, do qual a empresa
basicamente depende para estar no mercado.

No momento, a empresa adota uma política de vendas apenas sob encomenda, produzindo
um número de produtos acabados que vai de 800 a 1000 Kg de alumínio por mês. A empresa trabalha com estoques mínimos de matéria prima principal (alumínio e acessórios), pois como o alumínio possui muitos tipos de linhas e cores, o mesmo é comprado no momento de fechamento de contrato com o cliente. Como a entrega do alumínio e dos acessórios é rápida (prazos em torno de uma semana), isto facilita bastante a dinâmica da empresa pois o prazo mínimo que uma construtora exige para começar entregar o produto acabado é em média de quarenta dias a partir do fechamento do contrato.

Os produtos da empresa são divididos em quatro famílias principais: portas, janelas, box e
produtos especiais, compondo aproximadamente quinze produtos com modelos diferentes
conforme mostra a Tabela I. A linha de produtos completa é maior do que a apresentada na Tabela.

I, pois os produtos especiais incluem inúmeros itens diferentes, sempre de acordo com o pedido do cliente, que vão desde sacadas e corrimões, até galerias para troféus, sempre com modelos e cores diferentes.

A Porttale divide seus processos de manufatura em cinco processos perfeitamente visíveis:
processo de concorrência, processo de manipulação da matéria-prima, processo de produção,
processo de montagem e processo de instalação:

• Processo de concorrência: é o processo no qual estão incluídas as atividades de recebimento para pedido de orçamento, desenvolvimento de produtos especiais, confecção dos orçamentos e aprovação do crédito. Este processo se trata mais da parte burocrática da empresa, sendo


















de extrema importância pois é onde são fechados os negócios com os clientes.

• Processo de manipulação da matéria-prima:
este é o processo que inclui o maior número de atividades, dentre as quais tem-se a identificação do fornecedor, compra, recepção, conferência, estocagem e transporte interno
da matéria-prima para a produção.

• Processo de produção: processo no qual a matéria-prima é realmente trabalhada. Estão
incluídas neste processo as atividades de preparação da ordem de produção, corte, furação, estampagem e colocação de acessórios.

É considerado o principal processo da empresa, pois o produto começa a tomar forma. Também é um processo de alto custo e de extrema atenção por parte dos funcionários,
pois se trata de mão-de-obra especializada e qualquer erro no corte, furação ou estampagem pode acarretar a perda da barra de alumínio em trabalho.

• Processo de montagem: estão incluídas as atividades de montagem e inspeção final.
Este é o último processo realizado dentro da indústria.

• Processo de instalação: neste processo estão incluídas as atividades de transporte e instalação do produto acabado. É realizado na fase de acabamento da obra, já que as esquadrias são colocadas praticamente por último, evitando danificações e manchas nas mesmas, causadas por materiais que atacam a anodização do alumínio, tais como cimento, óleo, etc.

Nos cinco processos descritos acima ocorre compartilhamento dos recursos da fábrica, isto é,
não existem quatro linhas de produção independentes para portas, janelas, box e produtos
especiais. Da mesma forma, há também um compartilhamento da mão-de-obra.

A Figura 3 mostra com mais clareza os processos e suas devidas atividades, como descritos acima.

2.1 Razões para Implantação do Sistema ABC na Porttale

A empresa sofre uma grande concorrência das outras indústrias de esquadrias da região,
desta forma, conhecer bem os custos é uma maneira de se posicionar melhor em relação à concorrência do mercado.























Esta idéia básica é que direcionou a escolha dos objetos de custo na implantação do custeio ABC na Porttale Esquadrias de Alumínio.

Atualmente, não existe na empresa um método de calcular o custo por produto sem distorções, porque é utilizado um sistema de custeio informal, no qual a única base de cálculo é o custo da matéria-prima, causando imprecisão no custo final dos produtos. O problema da má determinação dos custos fica evidente, pois as margens por produto estão certamente incorretas, direcionando mal os investimentos e estratégia da empresa.

A implantação do sistema ABC fornece condições à empresa de rastrear os custos indiretos de fabricação para os produtos, podendo assim, determinar sem distorções os preços dos produtos no mercado. Com estas informações pode-se monitorar, primeiramente, o custo dos produtos que dão menores lucros que o esperado ou mesmo prejuízo à empresa.

2.2 Etapas da Implantação do Custeio ABC na Porttale Esquadrias de Alumínio

Após ter detalhado quais eram as necessidades da empresas em termos de gestão dos custos,
baseando-se numa implantação descrita em (PAMPLONA et al., 1998) foi detalhado um
modelo de implantação com as seguintes etapas:

ETAPA 1 – Ferramentas de Implantação: A empresa optou por usar a elaboração de planilhas de cálculos feitas no Excel da Microsoft. Vale ressaltar que já existem disponíveis no mercado softwares voltados para a metodologia de custeio ABC, porém de difícil acesso para a empresa, pois seus custos de aquisição são elevados e a mesma no momento não dispõe de recursos para a aquisição destes softwares.

ETAPA 2 – Atividades e Centros de Custos: Esta etapa direcionou-se à identificação das atividades de produção e suporte à produção, bem como as atividades que não têm relação com a área industrial mas que são alocadas aos produtos. Elaborou-se uma folha de atividades diretamente relacionadas com os diferentes departamentos da empresa. Esta análise é importante, pois a partir da fragmentação dos cinco processos (concorrência, manipulação da matéria-prima, produção, montagem e colocação) em atividades, é que se tem uma visão melhor de como os recursos são empregados na condução das mesmas.

ETAPA 3 – Determinação dos Direcionadores:A terceira etapa compreendeu a determinação
dos direcionadores de custo e dos critérios para calculá-los. Buscou-se geradores comuns a
todos os produtos para cada processo analisado, facilitando assim, o cálculo do custo da atividade por produto.

ETAPA 4 – Distribuição dos Custos: Nesta etapa foram distribuídos todos os custos para
cada departamento da empresa pelo intermédio dos direcionadores de custo, chegando a um
valor total consumido por departamento.

ETAPA 5 – Determinação do Custo Unitário das Atividades: A partir do custo total de cada
departamento chegou-se ao custo unitário por atividade, levando em conta o tempo gasto pelo departamento na execução de cada atividade.

ETAPA 6 – Determinação do Custo dos Produtos: Após terem sido calculados todos os
custos unitários das atividades, foram agregados ao produto os custos de todas as atividades que são consumidas na sua manufatura.

2.3 Estrutura do Sistema de Custo Implementado

Apesar de terem sido definidas aproximadamente 20 atividades para serem alocadas aos produtos, existem uma série de atividades além destas vinte que não podem ter o mesmo tratamento, quando os objetos de custo final são os produtos. A manutenção, por exemplo, é um caso típico. É difícil encontrar um direcionador de custo que determine quanto cada produto consome da atividade de manutenção e por uma razão simples: a manutenção não é executada a serviço de um produto, mas sim a serviço de um centro de custo, seja ele produtivo ou não.

Portanto, a solução adotada neste caso é a realização de rateios internos. Deve-se fazer um
apontamento das horas de manutenção, determinar o custo/hora dessa atividade e rateá-la
para os centros de custo que vão se utilizar desse recurso. A Tabela II mostra os custos
indiretos de produção utilizados nos cálculos do sistema ABC.

2.4 Descrição das Planilhas do Sistema

A implementação do sistema de custos baseado em atividades na Porttale seguiu os passos
que veremos a seguir:

Passo 1: Foi elaborada uma planilha de acumulação de despesas por centros de custos,
conforme Tabela III. Esta planilha contém todas as despesas indiretas da empresa que foram consideradas para o cálculo dos custos pelo sistema ABC. Primeiramente foram distribuídos valores a estas despesas e depois elas foram alocadas nos diversos departamentos da empresa (centros de custo), sendo estes valores distribuídos pela contabilidade da empresa através do livro caixa e livro diário.

Passo 2: Neste passo foram distribuídas todas as atividades da empresa entre os cinco processos já citados anteriormente. Após terem sido distribuídas as atividades, foram alocados os valores dos centros de custo para as atividades através dos direcionadores de custo de primeiro nível. Neste caso foram usados direcionadores de custo comuns para todas as atividades. Chegou-se assim a um valor para cada atividade e um valor total para cada processo, conforme Tabela IV.

Passo 3: Neste passo foram usados os valores totais de cada atividade para se chegar ao valor
unitário de cada direcionador de segundo nível, os quais resultarão no custo final dos produtos, utilizando a quantidade de cada direcionador usado nas atividades, conforme Tabela V.

Passo 4: Finalmente chega-se ao custo final de cada produto alocando os valores de cada
atividade que o produto consome às quantidades de direcionadores absorvidas pelos mesmos.


Leia Mais

http://www.scielo.br/pdf/%0D/gp/v7n2/a03v7n3.pdf

http://www.sebrae.org.br

Análise de Balanços - Ana Flávia

Custos

A contabilidade é um instrumento poderoso que a administração tem a sua disposição. A contabilidade, antes de tudo é considerada a ciência que têm objetivos e normas definidas, alem de se ter metodologia cientifica e princípios fundamentais.

Com o passar dos anos a visão do conceito de contabilidade de custos foi sendo aperfeiçoada, de forma a não perder sua essência, seus fundamentos são os mesmos. A contabilidade de custos se destina a produção de informações para diversos níveis gerenciais dentro de uma empresa, para planejamento e controle das operações, além de ferramenta para a tomada de decisões.

A contabilidade de custos além de coletar e registrar classifica dados operacionais das atividades da empresa, identificados como dados internos e externos.

Os dados coletados poder ser monetários ou físicos. Exemplos de dados físicos operacionais são: unidades produzidas, horas trabalhadas, quantidade de materiais solicitada, etc.

A contabilidade de custos em virtude de sua competência é o maior e mais completo banco de dados existente em uma empresa, sendo a responsável pelo registro, acumulação e organização dos dados. Diante das necessidades gerenciais prepara relatórios que tem vários tipos de custos que atendem as exigências de seus usuários. Uma das formas mais empregadas, que talvez seja o fundamento da contabilidade de custos para muitos estudiosos, é a preocupação em atribuir os custos a suas devidas finalidades. Isso significa que os custos serão classificados em diretos e indiretos, dependendo da necessidade para sua utilização.

Custos diretos são aqueles que são facilmente atribuídos a um determinado bem ou serviço, ou seja, são percebidos com clareza em cada produto ou serviço.
Ex: Matéria prima, mão-de-obra direta.

Custos indiretos são aqueles que beneficiam toda a produção de um bem ou serviço. São todos os custos de produção, exceto os materiais diretos e mão-de-obra direta.
Ex: Aluguel, depreciação, salário de supervisão.

Outra forma de ver os custos é verificar sua variabilidade diante de uma variável operacional, normalmente física, que represente a atividade desenvolvida pelo objeto de custeio. Se olharmos os custos por outro lado, pela ótica de sua dependência, teremos novos tipos de custos.

Custos variáveis são aqueles que estão diretamente relacionados com o volume de produção ou venda. Em termos de custos totais, quanto maior for o volume de produção, maiores serão os custos totais. Em termos unitários, os custos permanecem constantes.
Ex: Matéria prima.

Custos Fixos são aqueles que independem do volume de produção ou venda. Representam a capacidade instalada que a empresa possui para produzir e vender bens ou serviços. Em termos de custos unitários, quanto maior for o volume de produção ou venda, menores serão os custos por unidade. Em termos de custos totais independem das quantidades produzidas ou vendidas.
Ex: Aluguel, depreciação.

É preciso para tanto, estabelecer com clareza as condições necessárias para que o custo seja relevante. Os exemplos mais usados são os custos de oportunidade e os imputáveis. Atualmente, em virtude da preocupação cada vez maior pela qualidade total, aparecem os custos da qualidade.

Custo de oportunidade é o valor do beneficio que se deixa de ganhar quando no processo decisório se torna um caminho em detrimento de outro.

Custo de transformação é o custo de transformação do material em produtos. É a soma de mão-de-obra indireta e custos indiretos de fabricação.

A contabilidade de custos em algumas decisões utiliza-se de instrumentos matemáticos e estatísticos que tornam mais úteis e exatas as informações produzidas.

A finalidade principal do critério é ter o custo total (direto e indireto) de cada objeto de custeio. Esse custo total se destina a determinar a rentabilidade de cada atividade, avaliar os elementos que compõem o patrimônio e a compor uma informação significativa no auxilio a estabelecer preços de venda dos produtos ou serviços.

O critério do custo direto (ou variável) é aquele que só inclui no custo das operações, dos produtos, serviços e as atividades.

Para que um custo (ou uma despesa) detenha as condições necessárias para compor o custo de um produto é necessário que este custo seja facilmente identificado, ou seja, onde não é necessário ratear o custo. E que seja variável diante da variabilidade de um indicador que represente o produto, a operação, o processo. Não havendo a possibilidade de descobrir a causa e o efeito, o custo (ou despesa) é considerado como custo variável.

Alguns princípios são aplicáveis a contabilidade de custos, o principio da competência é aquele que a contabilidade se relaciona mais fortemente; neste principio as receitas, as despesas e os custos devem ser reconhecidos na apuração do resultado do período a que pertencem.

O principio da uniformidade diz que os critérios aplicados num período, nos registros contábeis devem ser mantidos nos períodos subseqüentes.

Segundo o princípio da prudência, na duvida sobre o valor de um custo, o contador considera por prudência sempre o custo mais alto.

Pode se concluir que a contabilidade de custos facilita a formação de preço dos produtos, analisando a necessidade de aumentar ou diminuir o preço de venda, para cobrir custos fixos e aumentar o lucro da empresa. É importante também para alocarmos nos devidos lugares os custos que devem ser rateados, para evitar que setores da empresa sejam sobrecarregados com custos que não são seus.

Leia Mais

Contabilidade de custos, 11ª edição
Horngreen,Charles Thomas

Curso de Contabilidade de custos, 2ª edição
George, S.G. Leone

Contabilidade para não especialistas, 2ª edição
Ching, Hong Yun


terça-feira, 25 de maio de 2010

Questões de Concursos

TCM (Tribunal de Contas) PA FCC 2010

1. Uma empresa adquiriu em 31/10/X9 um ativo financeiro no valor de R$ 5.000,00, classificado na data de aquisição em “mantido até o vencimento”. Este título remunera à taxa de 1% ao mês e o seu valor justo, um mês após a sua aquisição, era de R$ 5.080,00. De acordo com estas informações, em 30/11/X9, a empresa deveria registrar:
  • (A) na Demonstração de Resultado, receita financeira de R$ 80,00.
  • (B) no Patrimônio Líquido, ajuste de avaliação patrimonial de R$ 30,00.
  • (C) na Demonstração de Resultado, receita financeira de R$ 50,00 e no Patrimônio Líquido, ajuste de avaliação patrimonial de R$ 30,00 (saldo credor).
  • (D) na Demonstração de Resultado, receita financeira de R$ 80,00 e no Patrimônio Líquido, ajuste de avaliação patrimonial de R$ 30,00 (saldo devedor).
  • (E) na Demonstração de Resultado, receita financeira de R$ 50,00.
Resposta (E)

TRE MT CESPE 2010

2. De acordo com os critérios de avaliação dos elementos do passivo no balanço patrimonial, segundo a Lei n.º 6.404/1976, obrigações, encargos e riscos, conhecidos ou calculáveis, inclusive imposto sobre a renda a pagar com base no resultado do exercício, devem ser avaliados pelo:
  • a) custo de aquisição, deduzido do saldo da respectiva conta de depreciação, amortização ou exaustão.
  • b) seu valor justo.
  • c) valor atualizado até a data do balanço.
  • d) custo de aquisição ou produção, deduzido de provisão para ajustá-lo ao valor de mercado, quando este for inferior.
  • e) custo de aquisição, deduzido de provisão para perdas prováveis na realização do seu valor.
Resposta (C)

TRENSURB BIORIO 2010

3. A legislação societária atual estabelece que: “Serão classificadas, enquanto não computadas no resultado do exercício em obediência ao regime de competência, as contrapartidas de aumentos ou diminuições de valor atribuídos a elementos do ativo e do passivo, em decorrência da sua avaliação a valor justo”. A classificação referida é referente a:
  • (A) ações em tesouraria;
  • (B) reserva de incentivos fiscais;
  • (C) investimentos;
  • (D) avaliação patrimonial;
  • (E) ajustes de avaliação patrimonial.
Resposta (E)

4. Classificam-se como Reservas de Capital as Reservas

a) de Prêmios pela Emissão de Debêntures
b) de Doações e Subvenções, quando recebidas em entidades privadas
c) de Reavaliação de Bens do Ativo Imobilizado
d) Estatuárias, destinadas a Investimentos
e) por Ajuste de Investimentos em Sociedades- Controladas

Resposta (A)


Leia Mais

http://www.vemconcursos.com/opiniao/index.phtml?page_ordem=recentes&page_id=2252

Saiba Mais...

http://www.sebraesp.com.br

http://www.cosif.com.br/mostra.asp?arquivo=contabilgerencial

http://www.sebraesp.com.br/faq/financas/analise_planejamento/margem_contribuicao

http://www.uefs.br/portal/colegiados/economia/disciplinas/cis-427-principios-de-contabilidade-de-custos/?searchterm=cis

http://www.geronetservices.com/apostilas/contabilcustos.htm

http://www.portaldeauditoria.com.br/tematica/contger_analisedebalanco.htm

http://www.ebah.com.br/contabilidade-de-custos-eliseu-martins-pdf-pdf-a4169.html


http://www.pontodosconcursos.com.br/professor.asp?menu=professores&busca=&prof=5&art=717&idpag=8

http://www.questoesdeconcursos.com.br

Perguntas Frequentes

O que é regime de caixa?
É o regime contábil que apropria as receitas e despesas no período de seu recebimento ou pagamento.

O que é margem de contribuição?
É quantia em dinheiro que sobra do preço de venda de um produto, serviço ou mercadoria após retirar o valor do custo variável unitário.

O que é COFINS?
É Contribuição para o Financiamento da Seguridade social que incide sobre a receita bruta das empresas e também se destina a financiar a seguridade social como o PIS. Suas alíquotas são 7,6% (empresas tributas pelo Lucro Real) e 3% para as demais.

O que é Balancete?
É um demonstrativo auxiliar de caráter não obrigatório, que relaciona os saldos das contas remanescentes no diário.

O que geralmente o Balancete verifica?
Verifica se o método de partidas dobradas está sendo observado pela escrituração da empresa.

O que é contabilidade de custos?
É o ramo da contabilidade que se destina a produzir informações para diversos níveis gerenciais de uma entidade, como auxílio às funções de determinação de desempenho, e de planejamento e controle das operações e de tomada de decisões, bem como tornar possível a alocação mais criteriosamente possível dos custos de produção aos produtos.

O que é custo fixo?
São aqueles que não sofrem alteração de valor em caso de aumento ou diminuição da produção.

O que são Despesas e Custos Variáveis?
Aqueles que variam proporcionalmente de acordo com o nível de produção ou atividades. Seus valores dependem diretamente do volume produzido ou volume de vendas efetivado num determinado período.

O que é Custeio direto (ou variável)?
É um método de custeio usado para alocação apenas dos custos variáveis ao produto. Segundo Leoni "o sistema de custeio variável ou direto é um método que considera apenas os custos variáveis de apropriação direta como custo do produto ou serviço''.

Quais são as vantagens do custeio direto?

- Apresenta o Resultado Operacional em função das vendas

- Não há necessidade de adotar critérios de rateio para apropriar custos fixos, já que esses são deduzidos diretamente do resultado.

- Torna evidente a Margem de Contribuição de cada produto, muito utilizada no processo decisório.


O que é demanda?
É a quantidade de um bem ou serviço que os consumidores desejam adquirir por um preço definido em um dado mercado, durante uma unidade de tempo.

O que é investimento?
Significa a aplicação de capital em meios de produção, visando o aumento da capacidade produtiva (instalações, máquinas, transporte, infraestrutura) ou seja, em bens de capital.

O que é IRPJ ?
Imposto de renda de pessoa Juridica

Quando se realiza o investimento produtivo?
O investimento produtivo se realiza quando a taxa de lucro sobre o capital supera ou é pelo menos igual à taxa de juros.

O que é investimento bruto?
Corresponde a todos os gastos realizados com bens de capital (máquinas e equipamentos) e formação de estoques.

O que é rateio?
Trata-se de uma forma direta de segregar os recursos consumidos pelos ojetos principais de custos em determindado estagio de sua ocorrência.

O que é Fluxo de caixa?
É um instrumento gerencial que controla e informa todas as movimentações financeiras (entradas e saídas de valores monetários) de um dado período – pode ser diário, semanal, mensal, etc. O fluxo de caixa é composto dos dados obtidos dos controles de contas a pagar, contas a receber, de vendas, de despesas, de saldos de aplicações, e todos os demais que representem as movimentações de recursos financeiros disponíveis da organização.


Leia Mais


http://www.sebraesp.com.br/faq/financas/procedimentos_controles/calcular_margem_contribuicao

http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/custo-fixo-variavel.htm

http://www.uefs.br/portal/colegiados/economia/disciplinas/cis-427-principios-de-contabilidade-de-custos/?searchterm=cis

http://www.dicionarioinformal.com.br/buscar.php?palavra=rateio

Glossário

Alavancagem Operacional

É a medida do grau de sensibilidade do lucro as variações percentuais das vendas. Ela funciona como um multiplicador: se é alta, um pequeno aumento percentual na vendas pode produzir um grande aumento percentual no lucro

Amortização

Representa a conta que registra a diminuição do valor dos bens intangíveis registrados no ativo permanente, é a perda de valor de capital aplicado na aquisição de direitos de propriedade industrial ou comercial e quaisquer outros, com existência ou exercício de duração limitada.

Capital de Giro

É o conjunto de valores necessários para a empresa fazer seus negócios acontecerem (girar). Existe a expressão capital em Giro, que seriam os bens efetivamente em uso.

Contabilidade Gerencial

Mensura e relata informações financeiras. é uma ferramenta indispensável para a gestão de negócios. De longa data, contadores.administradores e responsáveis pela gestão de empresas se convenceram que amplitude das informações contábeis vai além do simples cálculo de impostos e atendimento de legislações comerciais, previdenciárias e fiscais.

Custeio

Significa forma de apropriação de custos.

Custo do Produto

São todos os custos incorridos no volume e mix dos produtos produzidos no período.

Custo Direto

Custos que podem ser diretamente apropriados a um objeto de custo, bastando haver uma medida objetiva de consumo.

Custos fixos

São os custos incorridos para se fabricar o produto (bem ou serviço), que não têm relação com a quantidade produzida, ou seja, seu valor não varia mesmo que se produza mais ou menos bens ou serviços. Ex.: Aluguel da fábrica, manutenção, limpeza da fábrica etc.

Custo Indireto

Custos que não podem ser diretamente apropriados a um objeto de custo, senão por meio de rateios estimados e arbitrários. Os custos indiretos mais comuns são os custos de suporte de manufatura.

Descontos Incondicionais

São parcelas redutoras do preço de venda, quando constarem da nota fiscal de venda, e não dependam, para a sua concessão, de evento posterior à emissão desse documento.

Despesa

Bens ou serviços consumidos direta ou indiretamente para a obtenção de receitas. Todos os custos que são ou foram gastos se transformam em despesas quando da entrega dos bens ou serviços a que se referem. São gastos que não se identificam com o processo de transformação ou produção dos bens e produtos.

Depreciação

Podemos entender como sendo o custo decorrentes do desgaste ou da obsolescência dos ativos imobilizados (máquinas, veículos, móveis, imóveis e instalações) da empresa.

Fluxo de Caixa

Analise das entradas e saídas de caixa da empresa em determinado período.

Gasto

Sacrifício financeiro com o qual a entidade arca para obter um produto ou um serviço qualquer. Por exemplo, gasto com Mao- de- obra e com honorários, gasto na compra de um imobilizado, etc.

Lucratividade

É o grau de rendimento proporcional pelas receitas operacionais. Pode ser expresso em percentual de lucro em relação às vendas.

Margem de Contribuição

É a diferença entre a receita de venda de uma unidade e a soma dos custos e despesas variáveis dessa mesma unidade.

Margem de segurança

É o excesso de vendas (orçadas ou reais) sobre o volume de vendas no ponto de equilíbrio. Ela estabelece o quanto às vendas pode cair antes de a empresa começar a ter prejuízos. Quanto maior o a margem de segurança, mais afastada ela estará de seu ponto de equilíbrio e mais segura estará caso ocorra um recessão nos negócios.

Pacivo Circulante

São as obrigações que normalmente são pagas dentro de um ano: contas a pagar, dívidas com fornecedores de mercadorias ou matérias-prima, impostos a recolher (para o governo), empréstimos bancários com vencimento nos próximos 360 dias, provisões (despesas incorridas, geradas, ainda não pagas, mas já reconhecidas pela empresa: imposto de renda, férias, 13° salário etc.).


Leia Mais

http://sumare.com.br/noticias/noticias.jsp?=82

http://www.glossarioonline.com.br/modules/wordbook/category.php?categoryID=5

http://www.unibero.edu.br/glossarios_abc.asp

http://www.receita.fazenda.gov.br/srf.www/PessoaJuridica/IPI/dcp2003/Orientacoes/conceitos.htm


Uma fábula sobre custos

UMA FÁBULA PARA ADULTOS

Esta fábula (Leone, 1994; 403) se destina a destacar, de forma curiosa e criativa as diferenças entre os dois conceitos de custeamento: absorção e variável. Leia com atenção à pequena historia e faça suas próprias reflexões sobre as criticas do contador de custos a respeito da decisão tomada pelo dono do restaurante da esquina quando resolveu dispor de um pedaço do balcão para vender saquinhos de amendoim.

UMA FÁBULA PARA ADULTOS

Joaquim, o dono do restaurante da esquina, resolveu vender, alem dos seus produtos normais, pequenos pacotes de amendoim, para aumentar seus lucros.
Seu contador, o Sr. Apropriador de custos, que vem mensalmente encerrar os livros do restaurante, avisa ao nosso Joaquim que este tem uma “bomba em suas mãos ‘.

CONTADOR: Joaquim, você me disse que quer vender estes amendoins porque grande numero de pessoas deseja comprá-los; será que você já pensou no custo?

JOAQUIM: É lógico que não vai me custar nada. É lucro líquido. É verdade que eu tive de pagar R$3750,00 prateleira, mas os amendoins custam R$ 9,00 o pacote e eu venderei por R$15,00. Espero vender 50 pacotes por semana só para começar. Em 12 semanas e meia cobrirei o custo da prateleira. Depois disso, terei um lucro liquido de R$ 6,00 por pacote. Quanto mais vender, maior o lucro.

CONTADOR: Este seu ponto de vista é antiquado e completamente irreal. Hoje em dia, os métodos aperfeiçoados de contabilidade permitem que façamos um estudo mais aprofundado, que demonstra a complexidade do problema.

JOAQUIM: O quê?

CONTADOR: Quero dizer que devemos integrar toda a operação “venda de amendoins” dentro de sua empresa e apropriar aos pacotes de amendoins a sua parcela correta do total das despesas gastas. Devemos apropriar aluguel, luz, aquecimento, depreciação, salários dos garçons, do cozinheiro, etc.

JAOQUIM: Do cozinheiro? O que é que ele tem a ver com os amendoins? Ele nem sabe que eu os vendo.

CONTADOR: Olhe Joaquim, o cozinheiro trabalha na cozinha, a cozinha prepara a comida, a comida traz os fregueses que serão os compradores dos amendoins. Por isso é que deve apropriar ao custo das vendas dos amendoins tanto uma parte do salário do cozinheiro quanto uma parte do seu próprio salário. Veja este quadro de demonstrativo; ele contém um analise de custos cuidadosamente calculados e indica que o lucro operacional deve ser igual a R$191700 por ano, para cobrir as despesas gerais.

JOAQUIM: Os amendoins? R$ 190 mil reais por ano, para cobrir as despesas gerais? Essa não...

CONTADOR: Na verdade, o total dessas despesas é um pouco superior a isto. Todas as semanas você tem despesas com limpeza e lavagem das janelas e do chão, com a reposição dos sabonetes consumidos no lavatório e com cervejinhas para o guarda. O total sobe a R$ 196950.

JOAQUIM: (Pensativo) – o vendedor de amendoins me disse que eu conseguiria bons lucros – era só colocar os pacotes perto da caixa registradora e pronto – R$6,00 de lucro por pacote vendido.

CONTADOR: (Torcendo o nariz) – Ele não e um contador. Você sabe quanto lhe custa à porção de espaço sobre o balcão ao lado da caixa registradora?

JOAQUIM: Não custa nada – não cabe nem um freguês extra – e um espaço morto, inútil.

CONTADOR: O ponto de vista moderno sobre custos não nos permite pensar em espaços inúteis. O seu balcão ocupa 6m² e as vendas anuais totalizam R$2250000 por ano. Logo, o espaço ocupado pela prateleira de amendoins lhe custara R$37500 por ano. Desde que você retire aquela área de uso geral, deve debitar o seu custo ao ocupante real do espaço.

JOAQUIM: Você quer dizer que eu devo acrescentar R$37500 por ano a mais como despesa com a venda de amendoins?

CONTADOR: Justamente. Isso elevara os custos gerais de operação a um total geral de R$234450 por ano. Ora, se você quer vender 50 pacotes de amendoins por semana, estes custos representarão R$90,00 por pacote.

JOAQUIM: O que?

CONTADOR: Evidentemente devemos acrescentar a isto o preço de compra de R$9,00 por pacote, o que nos dará o total de R$99,00.
Ora, se você pretende vender cada pacote por R$ 15,00, obterá como resultado uma perda liquida por pacote de R$ 84,00.

JOAQUIM - Existe aqui alguma coisa esquisita.

CONTADOR - Veja os números. Eles provam que a venda de amendoins e deficitária.

JOAQUIM- (Com um sorriso inteligente) – E se eu vender muitos pacotes – mil pacotes por semana, em vez de 50?

CONTADOR: (Com um ar tolerante) – Joaquim, você não entendeu o problema. Se o volume de vendas aumentarem, o mesmo acontecera cm os seus custos operacionais – maior numero de pacotes, maior o tempo gasto, maior depreciação, mais tudo. O principio básico da Contabilidade de Custos e invariável: “Quanto maiores as operações , maiores os custos gerais a serem apropriados.” Não, o aumento do volume de vendas não o ajuda em nada.

JOAQUIM: OK, já que você sabe tudo, o que devo fazer?

CONTADOR - (Condescendente) – Bem, você poderia reduzir seus custos operacionais.

JOAQUIM - Como?

CONTADOR Mude-se para um imóvel de aluguel mais baixo. Diminua salários, mande lavar as janelas somente de 15 em 15 dias; não coloque mais sabonetes nos lavatórios, diminua o custo por metro quadrado do seu balcão. Por exemplo, se você conseguir reduzir suas despesas em 50%, a porção das despesas gerais apropriadas a venda dos pacotes de amendoins passara de R$234500,00 para R$117250,00 por ano, reduzindo o custo a R$54,00 por pacote.

JOAQUIM (Não muito satisfeito) – Será isso interessante?

CONTADOR É lógico que sim. Contudo, ainda assim você perderia R$39,00 por pacote, se seu preço de venda for somente de R$15,00 por pacote. Portanto, você devera aumentar o preço de venda. Se desejar um lucro de R$6,00 por pacote, o seu preço de venda devera ser igual a R$ 60,00.

JOAQUIM (DESOLADO) – Você quer dizer que, depois de reduzir minhas despesas de 50% ainda tenho que cobrar R$60,00? E quem vai comprá- lo, a este preço?

CONTADOR Isto é uma constituição secundaria. O que interessa é que R$60,00 é um preço de venda baseado em uma avaliação real e justa dos seus custos operacionais já reduzidos.

JOAQUIM- (Satisfeito) – Olhe. Eu tenho uma idéia melhor. Por que não jogar fora os amendoins?

CONTADOR Será que você vai superar tal perda?

JOAQUIM - Certamente. Só possuo 50 pacotes – ou seja, R$450,00, e mais prateleira no valor de R$3750,00; jogo tudo fora e pronto, acabo-se esta porcaria de negócios de amendoins.

CONTADOR - (Balançando a cabeça) – Joaquim, isto não é tão simples assim. Você esta no negocio de amendoins. Se você jogar fora esses amendoins você estará adicionando R$234450,00 de despesas gerais anualmente ao total das suas despesas operacionais. Joaquim seja realista, esta perda você não pode suportar.

JOAQUIM - (Desesperado) – É incrível. Na semana passada eu estava ganhando dinheiro. Hoje, eu estou atrapalhado – só porque pensei que amendoins sobre o balcão... só porque eu pensei que amendoins por semana.

CONTADOR - (Com um olhar serio) – o objetivo dos estudos modernos de custo, Joaquim, é eliminar essas falsas ilusões.

A fabula foi imaginada para mostrar, de forma cômica, os defeitos do conceito do custeio por absorção na analise de certas decisões. O emprego das apropriações de despesas e custos gerais aos produtos e serviços que geram receita pode gerar situações como a apresentada pelo restaurante do Sr. Joaquim e por seu contador de custos. Com certeza, se o contador de custos se aproximasse um pouco do conceito do custeio variável em suas reflexões, iria verificar que a nova forma de aumentar as receitas, pela venda de pacotes de amendoim, seria bastante lucrativa. Outra maneira de analisar a situação decorrente da nova atividade, paralela e secundaria, poderia ser orientada pelo emprego dos conceitos de despesas e custos relevantes, quando vai buscar conhecer quais as despesas e os custos que se alteram com a instalação da nova venda.